sexta-feira, 13 de novembro de 2009


Infelizmente há uma grande confusão na área da ciência do exercício e esporte, em relação aos conceitos, definições, terminologias, formas de manifestação e meios de treinamento e das capacidades biomotoras.
Força pode ser definida sob vários aspectos:
· Interação de um objeto com tudo aquilo que o cerca, inclusive outros objetos, ou agente que produz ou tende a produzir uma mudança no estado de repouso ou de movimento de um objeto (ENOKA, 2000)

CONCEITOS DE FORÇA SEGUNDO AUTORES DE TREINAMENTO ESPORTIVO.

“Capacidade de superar a resistência externa ás custas dos esforços musculares”. (VERKHOSHANSKI, 2001).

“Capacidade para vencer ou se opor á uma maior resistência mediante a ação muscular”.
(PLATONOV, 1999).

“Capacidade de um sujeito vencer ou suportar uma resistência. Esta capacidade do ser humano, por sua vez, é o resultado da contração muscular”. (MANSO VALDIVIELSO & CABALLERO, 1996).

“É a máxima quantidade de força que um músculo, ou grupo muscular, pode gerar em um padrão especifico de movimento á uma determinada velocidade”. (FLECK & KRAEMER, 1999).

DEFINIÇÕES DE FORÇA MUSCULAR

· Força máxima: é a maior força que o sistema neuromuscular pode mobilizar através de uma contração máxima voluntária, ocorrendo (dinâmica) ou não (estática) movimento articular. (WEINECK, 1999; PLATONOV & BULATOVA, 1998)
· Força máxima estática: é produzida quando o atleta realiza uma contração voluntária máxima contra uma resistência insuperável. É o que podemos chamar também de força isométrica máxima. (BADILLO & AYESTÄRAN, 2001)
· Força máxima dinâmica: é alcançada quando se supera o máximo de carga possível em uma única contração concêntrica.(BADILLO & AYESTÄRAN, 2001)
· Força reativa: Capacidade do músculo gerar um impulso elevado dentro de um ciclo alongamento-encurtamento. (MARTIN et al, 1997)
· Força rápida: Capacidade do sistema neuromuscular de movimentar o corpo ou parte dele ou ainda objetos com velocidade máxima. (WEINECK, 1999; BADILLO & AYESTÄRAN, 2001)
· Força explosiva: é definida como a força produzida na unidade de tempo. (ZATSIORSKY, 1999; BADILLO & AYESTÄRAN, 2001)
· Força de resistência: é a capacidade do sistema neuromuscular sustentar níveis de força moderado por intervalos de tempo prolongado. (WEINECK, 1999; PLATONOV & BULATOVA; GUEDES, 1997).

TREINAMENTO DE FORÇA
O treinamento de força pode ser realizado com aparelhos específicos, mas, também com pesos livres, exercícios calistênicos, além de exercícios pliométricos com o peso do próprio corpo. Quando aparelhos são utilizados é possível que crianças e jovens ganhem em média, de 13% a 30% em seus valores de força (FAIGENBAUM, 1996), podendo chegar até 40% na melhora de força (CARVALHO, 2004). Com exercícios pliométricos a melhora pode chegar a 8% no salto máximo, decorrente do treinamento de potencia com diminuição no consumo de energia em 24% (KYRÖLÄINEN et al., 2003).
Para o homem e a mulher, as mudanças corporal após um programa de treinamento com pesos consistirão em pouca ou nenhuma modificação no peso corporal, reduções significativas na gordura corporal relativa e absoluta, e aumento significativo no peso corporal magro.

TIPOS DE TREINAMENTO

· Treinamento isométrico: refere-se a uma ação muscular durante a qual não ocorre mudança no comprimento do músculo. Este tipo de treinamento de força é realizado normalmente contra um objeto imóvel, tal como uma parede, uma barra ou aparelho de peso carregado além da força concêntrica máxima de um individuo.
· Treinamento dinâmico de resistência invariável: Treinamento dinâmico de resistência invariável implica que o peso ou resistência sendo levantado é constante e é mantido constante. Quando se usam pesos livres ou equipamentos, a resistência externa ou peso levantado é escolhido. Assim, treinamento dinâmico de resistência invariável descreve melhor este tipo de treinamento de força do que o antigo termo isotônico.
· Treinamento dinâmico de resistência variável: O equipamento de resistência variável opera através de um braço de alavanca, engrenagem ou arranjo de polias. Seu propósito é alterar a resistência em uma tentativa de acompanhar os aumentos e diminuições da força (curva de força) ao longo de toda a amplitude do movimento do exercício.
· Treinamento isocinético: Isocinético refere-se á ação muscular realizada com velocidade angular do membro constante. Ao contrário dos outros tipos de exercício de treinamento de força, não há carga especifica se opondo ao movimento; o que ocorre é que a velocidade do movimento é controlada. A resistência oferecida pelo equipamento isocinético não pode ser acelerada; qualquer força aplicada contra o equipamento resulta em uma força de reação igual.
· Treinamento excêntrico: também chamado de treinamento de resistência negativa. Refere-se a uma ação muscular na qual o músculo se alonga de um modo controlado. Este tipo de ação muscular ocorre em atividades diárias tais como caminhar. Descer um lance de escadas requer que os músculos da coxa realizem ações musculares excêntricas.
· Pliometria: Exercício cíclico de estender e flexionar. O ciclo estende-flexiona refere-se a uma parte natural da maioria dos movimentos. Quando se caminha, por exemplo, a cada vez que um pé toca no chão o quadríceps faz um ciclo estende-flexiona: passa primeiro por uma ação excêntrica, depois uma ação isométrica e finalmente uma ação concêntrica.

PRESCRIÇÃO DE EXERCICIOS

A combinação especifica de escolhas feitas para cada variável determinará o tipo de estimulo de exercício apresentado ao corpo.
Os principais componentes do planejamento de um programa de treinamento de força são:
· Análise das necessidades;
1. Quais os grupos musculares que precisam ser treinados?
2. Quais são as fontes básicas de energia que precisam ser treinadas?
3. Que tipo de ação muscular deve ser usada?
4. Quais os principais locais de lesões para um determinado esporte ou o histórico de lesões anteriores do individuo?
· Variáveis agudas do programa;
1. Escolha dos exercícios
2. Ordem dos exercícios
3. Número de séries
4. Período de descanso entre as séries e exercícios
5. Período de descanso entre as sessões de treinamento
6. Cargas utilizadas
· Manipulações crônicas do programa;
1. Programa clássico de periodização
2. Modelos não lineares de periodização
· Questões administrativas;
1. Disponibilidade de equipamento
2. Número de pessoas
3. Disponibilidade de espaço
4. Disponibilidade de tempo
· Aspectos de segurança.
1. Saiba a técnica correta do exercício
2. Saiba a técnica correta de assistência
3. Esteja seguro de que você e todos os demais assistentes são fortes o bastante para ajudar um levantador com a carga que está sendo usada
4. Saiba quantas repetições o levantador pretende fazer.
5. Esteja atento ao levantador todo o tempo.
6. Interrompa o levantador se a técnica do exercício esta incorreta.
7. Saiba o plano de ação se uma lesão séria ocorrer.

ADAPTAÇÕES AO TREINAMENTO

Adaptações neurais:
Segundo Sale (2003), as adaptações neurais predominam no início do treinamento, sendo que posteriormente, quando alcançam um platô, ocorre a adaptação muscular – hipertrofia.
O conceito de adaptação neural surge da observação de um aumento de força no início do treinamento com ausência (mensurável) de hipertrofia (Sale, 2003).
As adaptações de ordem neurais, segundo Hãkkinen (2002), envolvem:
1. Aumento da velocidade de condução e freqüência dos estímulos nervosos;
2. Sincronização de unidade motoras intra e intergrupamentos musculares sinergistas ao movimento.

Adaptações metabólicas e fisiológicas
As de ordem metabólicas e fisiológicas, segundo Maughna et al (2000), envolvem:
1. Diminuição na densidade mitocondrial.
2. Melhoria na capacidade de tamponamento intramuscular;
3. Aumentos no conteúdo de fosfocreatina e glicogênio,
4. Aumento da atividade de enzimas da via glicolítica (fosfofrutoquinase e lactato desidrogenase);
5. Aumento no número de transportadores de monocarboxilato, mais especificamente os trasnportadores de lactato.

Adaptações Morfológica
Define-se hipertrofia muscular esquelética como a adaptação morfológica decorrente do aumento da área fisiológica em corte transversal do músculo.
Paul et al, (2002) afirma que o conceito de hipertrofia do músculo esquelético envolve um incremento tanto no número de núcleos, como no volume citoplasmático, o que, conseqüentemente, acaba incorporando parte da definição de hiperplasia muscular. Cuja definição é um aumento no número de células, decorrente da fusão entre as células satélites. (Hawke, 2001).
A hipertrofia muscular ocorre devido principalmente a sobrecarga tensional e metabólica.
· Sobrecarga tensional causa a hipertrofia miofibrilar devido ao aumento do conteúdo de proteínas contrateis nas miofibrilas, que proporciona o aumento no número e tamanho das miofibrilas. Isso ocorre principalmente graças ao treinamento com cargas elevadas.
· Sobrecarga metabólica que causa a hipertrofia sacroplasmática (aumento de creatina fosfato, glicogênio e água que ocorre graças ao tempo prolongado de contração), o que sugere repetições elevadas e/ou intervalos curtos. Então a hipertrofia máxima será atingida quando se equilibrar peso elevado, repetições altas e intervalos curtos a fim de proporcionar simultaneamente ou alternadamente dentro do processo de periodização do treinamento a sobrecarga tensional e metabólica.


AVALIAÇÃO DA FORÇA

Chama-se dinamômetro o aparelho graduado de forma a indicar a intensidade da força aplicada em um dos seus extremos.

Objetivos da avaliação da força muscular
· Determinar a importância relativa da força em determinado desporto ou atividade física.
· Avaliar o tipo de manifestação da força requerida.
· Determinar o perfil físico do desportista.
· Auxiliar na prescrição do treino específico.

Fatores que influenciam na medição da força muscular
· Comprimento ou ângulo articular em que o teste é realizado
· Tipo de contração (concêntrica – excêntrica – isométrica)
· Velocidade da contração
· Tempo de contração
· Especificidade muscular

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